Se vais ter um bebé em breve ou tiveste um há pouco tempo, esta informação é, especialmente, para ti! Se és uma avó preocupada, uma tia, uma amiga, irmã, um pai atento e informado, profissional de saúde… Também!
Provavelmente, perguntam-te se o teu bebé “aguenta” 3 horas entre mamadas, se é “bonzinho”, se dá “boas noites”. Provavelmente, sentes que estás a falhar, de alguma forma, se não é isso que acontece – se o teu bebé pede colo a toda a hora, adormece a mamar e acorda mal o deitas no berço, pede para mamar novamente ao fim de meia hora ou uma hora…
O que a nossa sociedade, atualmente, espera dos bebés humanos não é compatível com a sua biologia. A cultura, a racionalidade, afastou-nos do nosso lado mais primitivo, mais animal, mais instintivo. A maternidade obriga-nos a voltar lá – porque o nosso bebé é, todo ele, INSTINTO. E as mães descobrem que também têm um, mesmo quando pensam que não têm ou que ele está errado – porque não se adequa ao que é socialmente expectável.
Somos mamíferos porque mamamos e porque desenvolvemos glândulas mamárias para poder alimentar as nossas crias, os nossos bebés. Mas existem diferentes tipos de mamíferos, dividos em quatro grupos conforme o tipo de cuidados que as crias, biologicamente, precisam e a que as progenitoras respondem, instintivamente.
Mamíferos Cache: como os coelhos ou os ratos, ficam escondidos num lugar seguro e a progenitora só regressa muitas horas depois para os amamentar. O leite destes animais é o mais rico em proteínas e gordura para que possam manter-se longe da mãe muito tempo (aprox. 12 horas).
Mamíferos Follow: como as vacas, os cavalos ou os veados, são capazes de se erguer e começar a andar poucas horas após o nascimento. Seguem a mãe para onde quer que ela vá, por isso podem mamar com maior frequência.
Mamíferos Nest: como os cães, os gatos, os tigres, são menos maduros, ao nascer, do que os mamíferos dos dois grupos anteriores, por isso precisam de se manter juntos num ninho. O calor dos irmãos aquece-os quando a progenitora sai e ela regressa com frequência para os amamentar (aprox. a cada 4 horas).
Mamíferos Carry: inclui os marsupias, como os cangurus, os primatas, e nós, HUMANOS! Este tipo de mamíferos são os mais imaturos ao nascer, e por isso precisam do calor constante do corpo da mãe para se manter aquecidos e de ser carregados por esta constantemente. O leite contém a menor concentração de gordura e proteína – porque as crias precisam de estar em constante contacto com a mãe, por isso podem alimentar-se quase constantemente.
O que é que isto significa para nós, mães humanas e bebés humanos? Que se o nosso bebé mama e adormece e acorda pouco depois de ser pousado, só está a fazer aquilo que a sua NATUREZA lhe exige: protestar porque a mãe se afastou. Que se o bebé humano pede para mamar ao fim de meia hora ou uma hora (ou o que quer que seja), só está a fazer aquilo que é biologicamente expectável.
É a cultura que está mal. Não são os bebés. Não são as mães. Não é o instinto.
Estou a acompanhar uma mãe como doula – ao longo da gravidez, parto e pós-parto – e, por estes dias, ela chegou a uma maravilhosa conclusão: ‘se eu deitar a bebé na nossa cama toda a noite e andar com ela no sling todo o dia, ela NÃO CHORA, ela só mama e dorme, e eu sinto-me muito mais feliz e tranquila’.
Um exemplo maravilhoso de como responder ao instinto, ao nosso e ao do nosso bebé, nos coloca a todos em harmonia. Podemos confiar nos nossos bebés e em nós, como mães e pais!
Qual é o papel do pai no meio de tudo isto? Apoiar, cuidar e proteger – e carregar o bebé também 🙂 E quem diz o pai, diz todas as pessoas que rodeiam a mãe e o bebé – especialmente cuidar e apoiar a Mãe!
Mais informação em:
Kagaroo Mother Care: Restoring the Original Paradigm for Infant Care and Breastfeeding
Baby Wearing
Os Bebés Também Querem Dormir