Não há bebés “preguiçosos”, “manhosos”, que “não querem mamar” ou “não gostam de mamar”, “espertos porque o biberão é mais fácil”…
Mamar é uma questão de sobrevivência. Na natureza, os mamíferos que não conseguem mamar não sobrevivem. É tão simples quanto isto. Seleção natural pura.
Os bebés nascem com tudo o que é preciso para mamar, física e neurologicamente. Se um bebé NÃO CONSEGUE mamar ou apresenta sérias dificuldades, deve haver um bom motivo para isso. Descobrir qual é a causa do problema é essencial para que a amamentação não tenha os dias contados e mães e bebés possam desfrutar plenamente dela.
Este post é sobre o direito a diagnósticos sérios e corretos em bebés que apresentam dificuldades para se alimentar (seja na amamentação ou aleitamento artificial). Pseudo-diagnóstico como “é preguiçoso”, “não quer/não gosta de mamar” não existem, não são sérios nem ajudam as mães e os bebés, além de serem potencialmente perigosos.
Deixo-vos com a história da mãe Viviana M.
«O meu bebé, quando nasceu, parecia não ter reflexo de sucção; não estava interessado em mamar. Como mãe inexperiente, não estava a conseguir que ele mamasse naturalmente e não tive um acompanhamento dos profissionais de saúde que me tranquilizasse. Durante mais de 36 horas, não pegou na mama; era enfermeira atrás de enfermeira a, literalmente, espremerem-me os mamilos para que saísse colostro e ver se, dessa forma, ele queria mamar. Mas nada funcionava.
(…) Por fim, houve uma enfermeira que me ajudou a tirar leite com a bomba e o meu filho comeu. Com muita paciência, a mesma enfermeira não desistiu até ele pegar na mama, embora com mamilos de silicone. Todo este processo foi extremamente doloroso para mim, tanto a nível físico, como psicológico, o que me diziam era: “É mesmo assim! Amamentar dói!” E assim continuou, sempre com muita dor a cada mamada, ao ponto de chorar eu e o bebé.
No meio disto, fiz duas mastites, o que só veio agravar o meu estado de “terror” perante a amamentação.
Durante este processo senti-me desesperada, pois esperava que a amamentação fosse algo agradável, terno, que me aproximasse do bebé e o que eu sentia era dor, muita dor! Mas nunca desisti de tentar que melhorasse, pois é suposto a amamentação não doer. Como não? Eu não entendia… Mas queria acreditar que iria melhorar e só pensava nisso.
No entretanto, o meu bebé aumentava de peso e crescia a olhos vistos e isso dava-me a força necessária para não desistir! Foi o melhor que fiz, pois com a ajuda da CAM Filipa dos Santos e, posteriormente, na clínica Amamentos, obtive respostas. O freio da língua do bebé era curto, foi corrigido e pouco depois começou a melhorar, até praticamente não haver dor.
Agora, sim, adoro amamentar e é um momento só nosso, de ligação inexplicável. O facto de conseguir dar ao meu filho tudo o que ele precisa, é algo que não tem preço.»