Prevenir o desmame precoce

Nota: Este artigo foi escrito a pensar em bebés maiores de 6 meses. Em breve publicaremos um a pensar em bebés mais novos. Este é um dos vários temas que abordamos no workshop Da Amamentação à Alimentação Complementar.

O desmame natural é um processo muito gradual, que se inicia quando o bebé começa a provar novos alimentos e termina quando a criança já está totalmente adaptado à alimentação familiar, plenamente capaz de se alimentar sozinha – o que pressupõe autonomia e grande desenvolvimento psicomotor – e cuja fonte principal de alimento já não é nem precisa de ser o leite.

Portanto, facilmente se entende que o desmame natural nunca poderá ocorrer num bebé menor de 1 ano de idade ou mesmo 1 ano e meio/2 anos, pois o leite ainda precisa de ser a principal fonte energética e de nutrientes; nem existe autonomia e desenvolvimento suficientes para comer tudo o que a família come e totalmente sozinho.

Estudos antropológicos, estimam que a idade natural de desmame nos humanos deverá estar entre os 2 anos e meio e os 7 anos! Bem para lá daquilo que a nossa sociedade julga ser ‘normal’.

Por que é que conhecemos histórias de bebés que recusam a mama antes dos 12 meses?

O que pode levar a que um bebé desmame precocemente e como o evitar?

Fundamentalmente dois fatores:
1.
Introdução demasiado rápida de outros alimentos e/ou outro leite.
2. Substituição da amamentação por sólidos e/ou outro leite.

Para evitar que isso aconteça, é recomendável que:
1.
O bebé continue a mamar frequentemente até aos 12 meses, pelo menos. Quantas mais melhor, mas no mínimo 4-5 vezes em 24 horas entre os 6 e 12 meses.
2. Inicie a alimentação complementar quando o bebé demonstra estar preparado e respeite os sinais de saciedade e fome.
3. Amamente em livre-demanda até 12 meses, pelo menos, não deixando de amamentar em certas alturas do dia para que o bebé coma outros alimentos.
4. Evite períodos longos sem amamentar e, se necessário, extraia para colmatar o afastamento do bebé por várias horas (por exemplo com o regresso ao trabalho).
5. Privilegie o copo em vez do biberão ao oferecer água ao bebé e outros líquidos. Não é necessário que o bebé, se puder mamar logo após uma refeição ou antes, tome grande quantidade de água – oferecer sem forçar.
6. Assim que possível, retire o biberão nas ausências da mãe. Após o início da alimentação complementar, o bebé pode comer outros alimentos na ausência da mãe e, quando estão juntos, apenas mama. A maioria dos bebés só irá pedir para jantar com a família por volta dos 8/9 meses. Desta forma, evita a continuação do biberão, que pode levar a uma preferência pela tetina e fluxo desta.
7. Continue a oferecer a mama frequentemente quando estão juntos. Os bebés distraem-se e, especialmente de dia, acabam por pedir menos vezes.
8. Alguns bebés acordam mais de noite nestas fases porque o seu desenvolvimento acelerado leva a mudanças nos ciclos de sono e, também, para se sentirem perto da mãe e compensarem a ausência desta durante o dia. É uma excelente oportunidade para oferecer a maminha! Os bebés que mamam de noite têm uma menor probabilidade de desmamar muito cedo.
9. Evite recusar a mama. Se tiver mesmo de o fazer, ofereça logo depois, assim que possível. Demasiadas recusas ou distrações diminuem o número de mamadas e podem levar a um desmame precoce.

O que fazer se, mesmo assim, o bebé fizer uma ‘greve de mama’? Leia aqui.

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